19 agosto 2006


A redenção para mim chega sempre em silêncio.
Chega depois dos gritos, dos braços esticados para te evitar qualquer contacto físico.
Chega quando o silêncio se apodera de mim, e me envolve, tendo, então, tempo para pensar em todas as palavras ocas, e quase sempre vazias de sentido, que cuspi na tua direcção com o único e puro sentido de te magoar profundamente.
Mas preciso de o fazer.
Preciso de deitar fora toda a minha raiva e agonia, quando esta angústia gigantesca se apodera de mim, e me comanda os medos, as vontades e os sentidos.
Fico cega de raiva apenas.
E se não gritar tudo – quase – tudo, será como uma panela a chiar, baixinho… sem que tu sintas até ela te rebentar nas mãos, na cara e te destroçar por inteiro.
Depois, de tudo – quase – tudo, sair para fora, acalmo, e deixo-me envolver pelo silêncio, quando já dormes na cama ou apenas bateste com a porta para não mais me ouvires e olhares, e chego à redenção.
Mas as palavras são ocas.
Mas já as disse.
E também elas, ocas, muitas vezes, destroem e corroem.
E só a redenção, só ela…, não basta.
Nem o crescimento que ela traz.
Diminui. Mas não apaga os resultados.
Mas diminui.
A chegada da redenção.
Quando a noite me traz o silêncio, que os teus braços não me trouxeram.
A redenção.

13.08.2006

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