06 agosto 2006


Ode aos meus amigos

Alguém me disse que olho para trás.
É verdade. Levo o tempo a olhar sobre o ombro. A ver se deixei algo esquecido para trás.
E, dizem alguns, que por isso a minha vida não avança.
Mas a minha vida não avança porque ainda não teve que avançar, ou apenas porque anda a passo de caracol… ou de tartaruga. Tão devagar que se torna imperceptível aos olhos de todos nós.
Mas na realidade…eu sofro por amores que não são o que pretendo, sofro por amores que não crescem à medida dos meus sonhos… mas a verdade mais verdadeira é apenas uma… embora não tenha um príncipe encantado a bater na janela da torre mais alta para me salvar no seu cavalo alado, e me tenha deparado com uma longa sucessão de sapos engalanados, ou com uma simples falta de vista que me leva a confundir os sapos mais simples com sapos encantados, tenho uma riqueza que não pode nunca ser esquecida.
Os meus amigos que estão sempre ao meu lado.
Mesmo quando eu não os quero ver.
Mesmo quando eu os ignoro.
Mesmo quando eu faço de conta que estou fechada numa redoma inacessível para tudo e todos.
Mas eles existem.
E afinal… o olhar para trás talvez não seja tanto para ver se a história de amor ainda não acabou, mas no sentido de ver se algum ficou para trás. Porque quando caio, porque a rede de segurança não estava lá, mas insisti em correr o risco, foram eles que lá estiveram para me amparar na queda e voltaram a reerguer-me.
Só por isso vale a pena olhar sempre para trás.

05.08.2006

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