27 agosto 2006

Admite.
Tu não passas de uma menina mimada e sonhadora.
E agora que cresceste queres-te manter como, ainda, menina. Mas cresceste.
E a vida também te trouxe dissabores, tristezas, dores e mágoas a ti.
Embora não as queiras carregar.
A tua vida cor-de-rosa, lilás e azul, cor de céu e ilusões, não passaram apenas de sonhos sobre sonhos.
O sonho comanda a vida, dizia o poeta, dizes-me tu, constantemente.
Acorda das ilusões em que vives todos os dias.
Vive a vida.
Vive o dia a dia.
Sente o que sentes, explica-me a realidade.
Não os teus sonhos, o que gostarias que acontecesse.
Olha para lá da janela do teu quarto, se saíres e viveres a vida de todas as outras pessoas, morrerias. Não irias aguentar a loucura do dia a dia.
Fazes por esquecer que existe essa vida, que existe a vida para além dos teus sonhos.
E deixas-te afundar nessa imensidão de ilusões, não querendo ver a lucidez da realidade.
Pensas que se tiveres essa atitude, a névoa, o nevoeiro, os dias enublados vão passar.
Que não precisas de os viver.
Não existe só preto e branco.
Tu sabes disso.
Sabes dentro do teu peito, na tua alma, no teu espírito, na tua carne, em todos os centímetros do teu corpo.
E nas tuas lágrimas.
Mas continuas a puxar os teus sonhos atrás de ti.
Para não admitires que vives apenas num mundo cinzento em que todos somos descartáveis. E ninguém é imprescindível.
Fazes por esquecer essa realidade, que não admites, mas que reconheces como verdadeira.
Arrastas as tuas ilusões os teus sonhos atrás como se da tua vida se tratassem, mas não o são.
São apenas o que te faz ficar sempre para trás.
Cada vez mais para trás.
Até que um dia todos te esquecemos.
15.08.2006

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