02 agosto 2006


Hoje querias partir, finalmente… mas peço-te… não partas hoje. Não hoje que ainda não tenho as palavras adequadas, para além de que não estou vestida a preceito para me recordares um dia mais tarde, não tenho ainda as palavras adequadas para me despedir de ti.
Deixa-me antes encontrar a forma – ideal –, e o tom – perfeito –, a maneira – certa – para te dizer calmamente, adeus.
- “Então adeus, podes ir.”
Mas se partisses hoje, choraria, se partisses hoje ver-me-ias apenas vestida de mágoa, e de pranto. Ficarias com a ilusão e o encanto quebrados, partidos, apenas.
E ambos; tu de me veres assim, sem sorrir. Eu de não te saber mais aqui presente, depois.
Amanhã podes partir. Amanhã ou noutro dia. Vais saber quando. Terei roupas alegres vestidas. E finjo aguardar-te onde sempre te espero, sabendo já que o dirás.
E dir-te-ei adeus, devagar. ”Então adeus, podes ir.”
Mas hoje não, que não é a hora, ainda. Nem tenho a roupa certa, e quero que a despedida seja tão bonita quanto a tua chegada à minha vida.
Adeus.

27.07.2006

6 comentários:

Anónimo disse...

O dia da partida chegou, ou não?

algevo disse...

Os dias de partida são também sempre de chegada.
Por vezes chegadas que não vemos, ou a que não damos o devido valor... mas elas estão lá.
E todas as partidas... enfim, por vezes são apenas interregnos. Pequenos adeus, ou apenas "até já".
Se não são... é porque não é suposto estarem nas nossas vidas.
Pelo menos para mim, que não creio em coincidências...

Anónimo disse...

Já vi que a partida não aconteceu.
Nunca dizes adeus na tua vida. É sempre até já, por isso vives sempre a olhar para trás.

algevo disse...

Não se vive a olhar para trás... se assim fosse estava constantemente caída no chão... E embora caía, mas me volte sempre a levantar, e embora seja verdade que olho muitas vezes para trás, também caminho sempre com a consciência perfeitamente tranquila que raras vezes deixei algo ou alguém para trás.
Poucas vezes deixei algo inacabado.
Porque quando se olha para trás, é porque ainda não terminou aquele périplo.

Anónimo disse...

Será realmente assim?
Nada te pesa na consciência?

algevo disse...

Pesará com certeza, ninguém é perfeito. Quem não tem telhados de vidro?
Mas a mim a consciência, sempre, sempre identificada... é leve, leve como uma pluma.
Sigo em frente e olho para trás todas as vezes que forem necessárias.
E não por pesos na consciência.